Mi Buenos Aires…. Gabriela Antunes, Conexão Buenos Aires

Texto de apresentação no blog da Gabriela:


Gabriela G. Antunes é jornalista, mestranda em Relaçoes e Negociaçoes Internacionais pela Flacso/Argentina  e Universidade de Barcelona e acaba de se auto impor sérias cotas com relaçao ao doce de leite, alfajoles, magalenas, facturas e marrocs. Fan de Liniers, do uruguaio Jorge Drexler e da péssima televisao Argentina, topa todas atividades culturais na Argentina de batizado de boneca  a  ópera no Colón. Dedica-se a entender o povo mais terapeutizado do planeta,  possivelmente a pior televisao do planeta e acaba de sobreviver a uma Copa do Mundo na Argentina.

 

Adoro estudar, trabalhar e escrever em cafés. Há toda uma cultura de Cafés e praticamente todos tem Wi Fi. Agora, por exemplo, estou sentada confortavelmente na esquina de casa em Palermo, com minha medialuna e meu cortado. Estou sempre na Eterna Cadencia (Honduras 5574) ou na Boutique Del Libro (Thames, 1762) escrevendo. Gosto também de descobrir restaurantes bacanas e depois levar os amigos. Meu negócio é descobrir barganhas e restaurantes pouco usuais. E Buenos Aires é uma Meca gastronômica. Também sou super fã de grafite e demonstrações de street art, fico mapeando os murais da cidade e visitando de quando em quando. O legal é manter os olhos bem abertos para as paredes da capital. Mas, a melhor coisa para fazer em Buenos Aires é caminhar. Quem não anda perde todas as coisas boas do caminho. Não há nada como ir vendo as ruas sob os arabescos de árvores, descobrindo cafés, lojinhas, personagens, cheiros e os ruídos que compõem a alma da cidade.

Qual o seu restaurante favorito na cidade?

Eu te digo o que recentemente descobri e virou meu jantar preferido na cidade. Gosto de jantar, as sextas-feiras, na Unión General Armenia de Beneficencia ( Armenia, 1322). Neste dia (e só neste dia), todas as semanas, cozinham as mães armênias e servem os filhos do colégio Armênio. O clima é “Casamento Grego”. É mesmo coisa de bairro, de família, com direito a danças típicas, leitura de borra de café, uopaa! E a comida é incrível. Além do mais, todo dinheiro arrecadado vai para a viagem de fim de ano dos meninos. No mais, gosto de comida de rua, comer sanduíche de bondiola no Mercado Municipal em San Telmo (o do Fredy, Carlos Calvo entre Defensa e Bolivar , junto à entrada lateral do mercado de San Telmo ), cair de boca nas frituras que vendem na rua no Barrio Chino (sem culpa de ser feliz) e participar de qualquer festa étnica que esteja acontecendo na cidade. Festa do Dia dos Mortos mexicano? Estou dentro! Encontro de Pueblos Originários? Eu vou! São nessas ocasiões que se come super bem. Além disso, sou muito da cozinha asiática, acho que fui vietnamita na ultima encarnação, posso comer arroz puro sem nenhum tempero e de palitinho todos os dias. Por isso, adoro o Sudestada (Guatemala 5602) e vários restaurantes no Bairro Chino como o Palitos (Arribeños 2243), Lai Lai (Arribeños 2168) e Todos Contentos (Arribeños 2177) .

Um conselho para quem vai a BsAs pela primeira vez…

Peloamordedeus esqueçam a Calle Florida! Faça um esforço para conhecer a cidade de verdade. Evite os roteiros mais batidos. A Buenos Aires de compras, outlets e shows de tango puramente turísticos é completamente diferente da Buenos Aires sublime que conheço. Acreditem, existe vida além de Puerto Madero, Plaza Francia, Café Tortoni, Caminito e Calle Florida. Quem vem a Buenos Aires e fica preso a este roteiro comeu a casca e jogou a banana fora. Aventure-se por Almagro, vá comer em um bodegón de barrio, deitar na Praça de Barrancas e tomar sol com os porteños, ler um pouco na livraria Eterna Cadencia, dar uma volta pelo bairro residencial de Colegiales, qualquer coisa que te coloque dentro do verdadeiro passo da cidade. Outra coisa da qual não sou muito fã são as famosas “cena show de tango”, acho uma verdadeira extorsão. Um bom tango não requer meia arrastão, quilos de gel no cabelo e nem jantar. Está nos velhinhos apaixonados, nos clubes de bairro e em lugares mais tradicionais. Faça o esforço de perguntar para os “nativos”, vale a pena deixar um pouco de lado o espectro “espetáculo” e entender melhor a cultura por detrás da dança.

Imagine que você acaba de ganhar 500 pesos para gastar em Buenos Aires. O que você faria?

Do jeito que a inflação argentina anda daqui a pouco isso não vai pagar nem a empanada! Mas, eu acho que descontrolaria mesmo nas livrarias daqui. Ou pagaria um belo assado para os amigos. Se fosse um turista, investiria numa tarde de SPA ou num belo chá no hotel Alvear. Se esse dinheiro caísse do céu este mês investiria nos ingressos para o Hot Festival e Creamsfield, festivais imperdíveis que acontecem na cidade este mês.

O que não pode faltar em uma visita a Buenos Aires?

Uma visita á Catedral do Tango (Sarmiento 4006). É um dos lugares mais espetaculares da cidade. O cenário, as pessoas, o tango, fazem desse lugar um templo para quem gosta do estilo. Um brunch de domingo em Palermo Hollywood, perto do mercado de pulgas, pode ser no Oui Oui (Nicaragua 6068). Um fim de tarde de domingo na Plaza Armênia com as famílias, as crianças no parquinho, os turistas, as pessoas descoladérrimas de Palermo. Um pedaço de pizza na Guerrín (Avenida Corrientes 1368). Uma bela caminhada nos Bosques de Palermo. Uma volta de subte, não dá para vir a Buenos Aires e não tomar o metrô. Comer uma boa parrillada ou pelo menos um choripán. Não posso indicar a melhor porque sou tão desprovida de discernimento carnívoro como sou de opiniões enólogas. Mas, gosto do La Cholita (Rodriguez Peña 1165): bom, barato e sem frescura. Ando descobrindo a região de San Isidro, na primavera e no verão recomendo efusivamente um piquenique na beira do Rio Prata, nas cercanias de Peru Beach, uns dez minutos de taxi da estação de trem de Acassusso, Martinez ou San Isidro. É divino, vale à pena a viagem de 40 minutos de trem da capital.

Qual a região da cidade que você mais gosta e por quê?

Outro dia escrevi que cada um tem um bairro de preferência. Atualmente, eu sou Palermo. Decidi mudar para cá quando me dei conta que vivia subindo a Avenida Córdoba e descendo a Santa Fé. Estava vivendo até então no Centro e sentia falta de uma vida de bairro, com colégios, velhinhos, crianças e parquinhos. E Palermo é mesmo um sonho. Com a primavera, as ruas ganharam um cheiro de jasmim e chocolate. Vivo a uma distancia caminhável dos Bosques de Palermo. É possível me encontrar lá quase todos os começos de noite caminhando. Adoro subir a Rua Gurruchaga em direção a Avenida Córdoba, estudar na Boutique Del Libro, ir a Ioga na Borges, andar no Jardim Botânico, ir ao Planetário, almoçar do outro lado da Juan B. Justo e ir a um jazz no Thelonious (Salguero 1884). Palermo às vezes peca pela arrogância, pelos preços, ainda sim é muito bom viver aqui.

O que você sempre traz de uma visita a Buenos Aires (fisica ou metafisicamente…)

Eu ainda não voltei ao Brasil desde que cheguei. Volto para umas férias em dezembro e vou levar muito fernet! Sou uma das poucas brasileiras que conheço que adotou este hábito peculiar de beber Fernet com coca cola, que é um hábito muy argentino. Também me viciei – e viciei os amigos – em Marrocs, este quadradinho de chocolate e amendoim vendidos em todos os tradicionais “kioskos” porteños. São um must! Levarei saudades de ler o jornal Página 12 todos os dias! Em um plano mais espiritual, vou trazer a vontade de voltar logo para ver Buenos Aires em ritmo frenético de verão. Levo também um pouquinho mais de consciência política. Tenho aprendido aqui a ter mais memória histórica e a participar mais das decisões do governo. Argentinos são muito engajados, às vezes um pouquinho demais. Mas, deveríamos aprender com eles a sermos mais participativos. Trago ainda muito respeito pelo povo argentino, não está com nada qualquer tipo de animosidade entre Brasil e Argentina, tirando o futebol, não há conflito. Eles gostam da gente. Eu, pessoalmente, adoro a Argentina.

Visite o Conexão Buenos Aires!!! Ótimo!!!

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Mi Buenos Aires…  Ana Manfrinatto – Nos Ares, Revista Trip
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Mi Buenos Aires… Marcio Nel Cimatti – A Janela Laranja

Mi Buenos Aires… Marcelo Barbão – Direto de Buenos Aires

Mi Buenos Aires… Diego Fabris e Diogo Carvalho – Destemperados

Mi Buenos Aires… Constance Escobar, Pra quem quiser me visitar

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Mi Buenos Aires… Gisele Teixeira ( Aqui me quedo) e Eduardo Baró

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