Eu não gosto de ver as fotos da viagem logo que eu chego. Não por questões sentimentais, mas por achar que não fotografei bem o suficiente, não consegui expressar tudo o que queria, não consegui registrar o que deveria ser registrado… Em BsAs estou todo o tempo com a minha câmera (coisa que deveria fazer em casa também…) e para todo o lugar que eu olho tem uma foto pronta para acontecer. A intensidade do olhar quase ofusca a necessidade da expressão… Olho para os lados, para cima, para baixo, tudo ao mesmo tempo… Geralmente as fotos perfeitas são aquelas que acontecem segundos antes ou depois de pegar a câmera… A fotografia é isso mesmo, olhar, mirar, estar sempre com os olhos bem abertos (ou bem fechados… o “não olhar” pode ser muito intenso…). A velocidade de tudo ao meu redor é inebriante, e tento em vão encontrar o ritmo fotográfico desta cidade.  Lembro de um fotógrafo da National Geographic chamado Jim Bradenburg. Para cada projeto de foto na natureza os fotógrafos fazem milhares de imagens… Cansado disto, o Jim resolveu tirar uma foto por dia, durante 90 dias. UMA foto por dia!!! O resultado é o livro Chased by the Light, com fotos surpreendentes! Gostaria de ter a coragem de levar apenas um filme na próxima viagem. Melhor ainda, levar apenas um filme para a câmera de médio formato. Uma foto por dia, apenas. Só uma. Aquela, que não sai da minha cabeça…