Projeto Aventura Porteña: Jussara Aymone

A Jussara Aymone enviou este belíssimo texto sobre Buenos Aires! Obrigado pela participação, Jussara! Lindo texto!

A magia de Buenos Aires

Hoje fiz um passeio com meu primo Carlitos que me sinto de alma lavada.

Fomos de ônibus até a Editora Bienvenidas, que fica na Av Belgrano, e na passagem vi prédios maravilhosos da época de ouro da Argentina estilo art nouveaux. Chamou-me atenção que no ônibus não tem cobrador, se coloca as moedas dentro de uma máquina e ela calcula e nos dá o troco ou avisa se falta, alguns custam $ 0,75 e outros $ 0,80. E quando descemos em cada esquina que eu passava e olhava para três quadras depois avistava construções maravilhosas. Os plátanos cresceram se esticando à procura do sol e agora, em dias de outono, suas folhas começam a amarelar e caem no chão, dourando as calçadas como se fossem ouro.

Depois que saímos da Bienvenidas fomos ao rumo daquelas maravilhas, passando pela Calle Defensa, deparamos com um museu, pequeno, mas na vitrine tinha alguns objetos de época como fogareiro, que eu presenciei na minha infância, pois o chuveiro da casa de tia Gelsa era esquentado por ele, se colocava querosene. Entramos neste museu e tinha exposição de portas, prédios lindos que foram derrubados. Ao lado do museu tinha uma farmácia antiga de antes de 1900, toda em madeira com afrescos no teto. Em frente desta farmácia tem a Igreja de São Francisco de Assis. A igreja é imensa, com piso português e cada altar mais luxuoso que o outro. No fundo, à esquerda do altar tem a salinha do terço, entrei e tinha meia dúzia de pessoas rezando e umas pinturas imensas na parede que me passaram muita vibração, fiquei emocionada e Carlitos que é ateu também se emocionou e me falou que iria mais vezes em igrejas, a emoção que nos passa este ambiente de rezas é muito forte e ele lembrou que seu pai levava-o ali na infância.

Caminhamos até a praça de Maio, Casa Rosada e pegamos o metrô. Aquele trem antigo, revestido de madeira, em cada parada foi ficando com mais gente, muitos em pé, bem trajados, voltando do trabalho, muitos homens de terno e pastas cheias de compromissos, mulheres de saltos altos lendo alguns papéis. Outros aproveitando o trem para descansar os olhos numa soneca com aquele balanço convidativo.

Estávamos indo rumo à feira do Parque Rivadavia. Quando subimos as escadas avistamos a noite que abraçava a cidade as 18:30. Chegamos na feira e ela se parece com a feira do livro de Uruguaiana, pelo tamanho, mas vendem livros e revistas antigas, programas de computador, cds, dvds, cartas de Magic, revistas de super-heróis e, tem ainda mesas de xadrez espalhadas com muitos jogando. Estou na cidade onde se respira cultura. Comprei algumas revistas e retornamos, eu e Carlitos de novo no metrô conversávamos muito, reparamos numa mãezinha nova com um bebê de três meses no carrinho buscando a filha de dois anos da escola.

Perdemos de descer na estação Congresso, não importa, adoro caminhar em BsAs, sempre tem muito para ver e me encantava por todo lugar que passava. Caminhamos pela Av de Maio até o Congresso e comentamos com tristeza o fato da Confeitaria El Molino estar abandonada. Andamos pela Callao avistando cada prédio mais lindo que o outro. Chegamos à Av Corrientes, acho que é minha rua preferida! Fico tomada de emoção de novo! Muita gente caminhando, livrarias de montão, uma ao lado da outra, me atraem. Como em todo lugar, aqui também tem catadores, e vi um turista fotografar um velho com mais de 70 anos sentado em cima de seu saco de lixo, encostado num poste lendo um livro! Lendo um livro? Tive uma visão? Não, eu estou em Buenos Aires! Merecia foto mesmo, para concurso.

De repente fiquei louca por um café, não poderia me mover sem tomá-lo, fomos ao Ouro Preto, veio o cafezinho com o biscoito palmirinha, delicioso, café com aroma, sabor e melhor ainda por ser em BsAs. Seguimos caminhando e passamos pela loja de chocolates onde tem na vitrine um rapaz preparando os chocolates em rama, de olhar sinto aquele sabor derretendo na língua. Mais adiante tem a loja de especiarias antiga que agora o café Gato Preto assumiu, esta loja deveria estar morrendo e por sorte foi salva. Ficamos na vitrine olhando todos aqueles pozinhos mágicos de canela, gengibre, pimentas que causam tanto sabor e enobrecem um prato, um pão, um bolo. As pizzarias exalavam o cheiro forte de orégano, as confeitarias de empanadas também marcavam sua presença com seu cheiro peculiar de bons temperos.

Voltamos para a Callao rumo a nossa casa, eu não canso, nem lembro de comer ou que a dor exista. O fato que estar vivendo muitas emoções já me alimenta demais.

Jussara Aymone
24 de abril de 2006

2016-02-01T21:16:40+00:00

2 Comments

  1. vera laura 15 de janeiro de 2011 at 06:59

    Muy bueno. Perfecto! Me gustó mucho.

  2. Gracias, Vera Laura! O texto da Jussara ficou ótimo!!! Abraço!

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